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Já se fala num Magalhães 2, alguém que nos acuda. Espero que não se vão cometer os mesmos erros. Porque dar um computador a cada aluno não resolve nada. A presença de um computador numa casa, só por si, não é um fim. Há que ter em conta o desenvolvimento sócio educacional das famílias e disponibilidade financeira para o apoio técnico, por exemplo e a aprendizagem digital nas escolas. Nesse campo, a escola terá também de ter recursos e um ensino que promova competências nesta área. Tem de ser uma ação integrada, onde a escola funcione como motor de desenvolvimento e de apoio para que os equipamentos tenham o uso devido e sejam trazidos para a escola e levados para casa como material de trabalho. Senão acaba como da outra vez. As disparidades notam-se igualmente, na forma como as escolas estão a desenvolver os seus Planos de Ensino. Há de tudo, desde as escolas que dão aulas como se nada fosse, às escolas que exigem uma enormidade de tarefas, às que usam o bom senso. É preciso compreender que temos alunos em casa de familiares, com acompanhamento de irmãos, com pais que, se estão em casa, têm teletrabalho, há um computador para 2 ou 3, quando há, vários irmãos todos com escola, há dramas de desemprego e perda de rendimentos, pessoas a cuidar de famílias que se juntaram em casa… e gerir isso tudo é demais. Por isso eu aconselharia a que o Plano de Ensino de cada aluno, tivesse a família como parceira e que as decisões se centrassem nas necessidades e no contexto de cada um. Não podemos ir acrescentar mais um problema às pessoas.
A Escola pode manter um nível de atividade nos alunos, sem transformar a vida das famílias num pesadelo. As equipas escolares devem ter em conta que aulas à distância não são um decalque das aulas presenciais. As sessões devem ser curtas, não intensas e as tarefas interdisciplinares e simples, por isso também menos. Boas tarefas, mais ricas, significa menos tarefas. Não se devem multiplicar os professores que contactam com os alunos. Um único com uma equipa por trás a fornecer os materiais e o apoio, seria o ideal. Usem as mesmas plataformas, pelo menos em cada turma. Não faz sentido um professor usar o Teams e o outro o Skype e o outro manda por e-mail e o outro põe no Moodle. Façam equipas de trabalho para elaborar boas atividades e depois todos os docentes usam-nas. É escusado todos os docentes fazerem todas as atividades para todos os alunos. Uma equipa faz uma disciplina por ano e por aí adiante. Em vez de aulas maciças, criem também espaços de diálogo e de apoio às famílias, com horários em que os alunos podem contactar a escola. Organizem as coisas para que haja um horário de trabalho para os professores.
Com a generalização dos contatos, todos os
alunos ficaram com contatos pessoais de todos os professores e, isto a somar
aos colegas e à escola com constantes solicitações a qualquer hora, está a
fazer com que os professores trabalhem dia e noite sempre a receber mails,
telefonemas, mensagens e esteja a ser criada a ideias que trabalho em casa é
disponibilidade total. Criem respostas individualizadas para alunos com
barreiras à aprendizagem, mobilizando a educação especial. E, acima de tudo,
façamos as coisas com bom senso e com equilíbrio entre o que a escola pensa que
quer e o que as famílias realmente podem dar. E como vai ser a avaliação?
Credo… toda a gente louca sem saber…e os critérios… e as percentagens…. por
favor… os exames acabaram. Eu sei que muita gente fica perdida sem exames,
porque assim tem de organizar o ensino de forma realmente interessante e útil.
Vamos aproveitar esta situação para vivenciar uma educação de competências, de
prazer, de apoio e de autonomia. A avaliação sumativa não serve absolutamente
para nada nesta altura, e já agora, seria bom aproveitar esta deixa para a
rever no futuro.
Publicado originalmente no meu Facebook a 14 de abril durante
período de quarentena.
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