Apesar dos esforços desenvolvidos nos últimos dois anos para esvaziar e mistificar o papel da Educação Especial Inclusiva nas escolas portuguesas, foi necessária uma situação de emergência para se voltar ao básico e à necessidade de haver quem trabalhe diretamente com estes alunos e tenha a preparação adequada para tal. Com efeito a Educação Especial é um ramo da educação destinado a responder a necessidades específicas, mas não só, deve fazê-lo em contextos inclusivos.
De uma penada o Decreto Lei 54 torna-se num diploma
desagregado da realidade, como aliás, muitos já o referem publicamente. As necessidades
das escolas e a especificidade da EE e dos alunos, ultrapassam a retórica de
uma teoria que não compreendeu o que se passa no terreno.
Um Decreto que faz um esforço enorme para não referir que os
professores de EE têm de apoiar diretamente estes alunos, diluindo especificidades
dos alunos e professores numa suposta generalidade inclusiva, onde se tenta
transferir as competências da Educação Especial para uma EAMEI e um CAA que
afinal vivem apenas do que esta sempre fez.
As próprias Unidades ficaram num limbo, sendo agora chamadas
de “Especializadas”, criando uma resposta genérica, onde antes se desenvolviam
respostas específicas para a Multideficiência e para o Autismo. Até se criaram estruturas
e coordenações paralelas, omitindo os Departamentos de Educação Especial e o
seu papel central nas últimas décadas. Mas quem é que está hoje na linha da
frente?
Ficou também patente a baralhação das nomenclaturas e das
classificações, até por altos responsáveis do ME. De repente, ficamos a saber
que existem os alunos das Medidas Adicionais, substituindo nomenclaturas da
área da saúde, ou da educação como o termo NEE, por uma classificação por
medidas educativas, que acaba por seriar exatamente na mesma, com a desvantagem
de utilizar termos que não ajudam em nada a intervenção e o diálogo entre
profissionais.
Tanta “inclusão” para agora ficamos a saber que afinal a visão do papel da Educação Especial em relação a estes alunos é de aplicação de “medidas adicionais” e de terapias, recuando para a segurança de uma visão técnica minimalista dos anos 60. Sabemos que estamos numa situação de emergência, que nunca será o ideal, mas é também nestas situações que se mede efetivamente o pensamento real de cada um.
Será que toda esta situação poderá servir para parar e
pensar sobre o que realmente é necessário nas escolas, ou vamos continuar a
assobiar para o lado e a fingir que temos um Regime de Educação Inclusiva em
Portugal, que não é mais do que um diploma de Educação Especial, mas em mau?
Os meus sinceros parabéns pelo artigo! Haja alguém que divulgue o que se está a passar na Educação Especial! Obrigada.
ResponderEliminarObrigado. Espero que sejamos muitos com força para melhorar as coisas.
Eliminarfaço minhas as suas palavras acrescentando que se muitas crianças especiais não fora a familia e a entrega de prof seria muito pior é uma vergonha mas como muitos deles não serão eleitores piora a situação é com revolta que por saber em loco como é digo tenham vergonha e façam as coisas como devem ser ponham prof a dizer o que deve ser feito
ResponderEliminarObrigado pelo comentário.
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